pedromurilo.arq.br
20.2.07
  Ainda descomprimindo... Engraçado como, em certas ocasiões, muito do que a gente tem vontade de fazer finalmente rompe algumas desculpas e encontra os seus próprios meios para acontecer. Basta parar finalmente para que essas pequenas vontades voltem à tona com toda a força. E uma das coisas mais estranhas que meu deu vontade de fazer esses dias foi ir pra cozinha experimentar alguns procedimentos fisico-químicos (sim, porque cozinhar é fundamentalmente isso e algo mais)... Dar vazão a um impulso que aparece do nada e que, pela ausência de qualquer impedimento, é capaz de ser fiel a si mesmo.

Desde que eu voltei de Portugal, eu ainda não tive a oportunidade de experimentar as receitas de doces do livro que a Ana me deu na minha despedida. Aliás, muita dessa vontade tinha a ver com dois desafios: o meu, claro, pela minha falta de habilidade, e outro pela própria piada que tinha em ver ficar prontos todos esses doces conventuais que fundamentalmente são açúcar com ovo... Ou melhor, o abundante açúcar brasileiro com a gema descartada pela clara que serviu para engomar os hábitos dos conventos... O doce expoente dessa teoria são as Fatias de Tomar: hábeis 24 gemas e duas claras batidas por 20 minutos (batia-se por 1 hora na mão... Viva a modernidade!), cozidas em banho-maria por 1 hora e regadas por uma calda de 1 litro de água e 1 quilo de açúcar. Nham!... Colesterol na veia e muito tempo livre num convento tão carregado culturalmente.

As fotos tentam transmitir o teor da aventura... Sim, porque adaptar um forma que deveria ser no formato de pão a um formato de bolo (a única que havia em casa), tentar a "construção" de um banho-maria com a maior panela da casa, "reconstruir" o sistema vinte minutos depois pela estranha inundação no fogão, abrir a tampa para perceber o bizarro bolo de gema que grudou em todo o lado e desenformar o bolo já disforme pela metade que não grudou foi definitivamente uma maneira de perceber que a simplicidade de materiais não significa a simplicidade da técnica.

Mas para uma primeira vez, acho que passei no teste. O gosto estava idêntico ao esperado - mas afinal, o que mais esperar de ovo com açúcar? Ainda que a forma quadrada das Fatias originais tenha sido substituída pela trapezoidal desmilingüenta o resultado após a rega com a calda de açúcar ficou ótimo e idêntico na textura. Com a prática vem a perfeição, e ter conseguido ao menos chegar perto dessa simples sabedoria, já valeu a pena.


Holocausto galináceo.


O sofrimento da cafeteira.


A primeira "adaptação": o primeiro banho-maria.


A segunda "adaptação": o segundo banho-maria.


A terceira "adaptação": a forma inapropriada.


O estranho bolo de gema e sua desenformagem a mal feita.


Fazendo a calda, ou melhor, dissovendo a cana inteira na panela.


"Fritando".


Tcharam... "Com o pé nas costas..." 
Comentários:
Olha, Pedro... as entrelinhas estão bem "entre"... acho que além do bolo Tai-Chi que você executou, o que eu consegui perceber foi que eu engordei só de ler a receita... ah, droga, justo agora que minhas coxas se separaram!!!
... que vontade!
 
Olha... Ainda tem. Deixei na geladeira do Núcleo... Isso se o Luisão não achou. hahaha. Bj.
 
ah muito bem, senhor murilo, a ver que não perdeu o gosto pela rica doçaria portuguesa!

e só por curiosidade, as fatias de tomar fazem-se com uma panela especial que só se vende em tomar, se soubesses isso se calhar evitava uma carrada de problemas... mas ficou com bom aspecto no final e o sabor tbm apesar de ser "só ovo e açucar" e tens de reconhecer que fazer duzentos e oitenta e nove variações de doce com "ovo e açucar " é sinal de intelingência, não? ou isso ou falta de ingredientes, não sei...
 
Agora vou ter que ir a Tomar de novo só pra comprar a forma... Triste isso!...

Mas, Alc, eu acho que, na verdade, a galinhada portuguesa era potente mesmo... Uma coisa leva a outra!...
 
engraçado que é com um brasileiro que aprendo algumas coisas do meu país :)... parece que acertaste com as fatias, e logo à primeira!!

não é o meu doce preferido, mas de ver as fotos fiquei com vontade de come-las.. iam-me saber pela vida, e as calorias seriam bem degeridas neste Inverno sueco

espero que continues as tuas aventuras pela doçaria portuguesa,

abraços Sérgio Bruno
 
Sérgio Bruno Sérgio... Faz para o Pietro... é tão fácil!... hahaha. Abraço.
 
Parece muito gostoso... mas é muito ovo de uma vez só HAAHAHAHA
 
Mas isso é o que o faz mais interessante!... hahaha. Abraço.
 
nham nhaaaaam

cobrarei seus dotes culinários da próxima vez em que formos viajar, hahahahaha
 
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