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31.1.06
  Long Island Plus: Iguape
Praça da Matriz, Iguape.

Dia 1º. Domingo. Penúltimo dia da boa vida.

Ilha Comprida é um município formado por uma ilha de uns 4km de comprimento por uns 70km de largura só de praia, praticamente. A ilha, no litoral sul de São Paulo, foi formada por um depósito de areia do Rio Iguape e está em constante crescimento desde o século XVII. Hoje, é praticamente um grande loteamento de casas de veraneio, mas que, em alguns lugares ainda nem têm asfalto. Não muito longe, está a cidade de Iguape, situada na foz do rio de mesmo nome. Fundada no século XVII - e bastante alterada no século XIX - como todas as outras vilas portuguesas fundadas no período, servia de base estratégica de domínio da faixa costeira - no caso, que vai da Juréia até Paranaguá, já no litoral do Paraná. Como Parati, mas bem menos rica, ficou algum tempo isolada, o que a fez preservar alguma coisa do traçado urbano e do pequeno casario antigo ao lado de alguns "novos urbanismos". Abstraia as cores "Pelourinho" e siga em frente...


Do outro lado...


Iguape, com o Rio Iguape ao fundo.


Azuis-calcinha, rosas-bebê, amarelos-ovo e azuis-televisivos. Até o cãozinho ficou perplexo.


Um bar e a casa que é o próprio "cantinho do céu", numa rua próxima... Ou é o dono mora aí ou um chupou a idéia do outro, só pode!

Uma voltinha descompromissada. Sem aquela avidez-arquitetônico-consumista típica, apesar de ter parado para comprar filme, afinal. Se lembro bem, tinha começado a chover e acabou sendo providencial parar para comer uns petiscos num restaurante que encontramos ao acaso. Depois de uma parada no morro do Cristo pra ver a vista, voltamos à casa da Paula, na Ilha, com a ponte pendendo para o lado de quem ia voltar pra São Paulo... Enquanto toda a multidão voltava pra casa, congestionando a estrada, pra nós, nada de trabalho segunda! Ainda que a terça já prometesse algo... 
30.1.06
  Long Island
O Bacalhau voador...

"É tudo isso?", perguntou a moça da loja de revelação de filmes.
"É sim... Isso aqui é viagem acumulada", respondi.

A Paula havia convidado todos a passarem o ano na casa dela na Ilha Comprida. Eu fiquei empolgado porque nunca tinha ido. E ia ser divertido ver praia novamente e tirar essa alvidez... No entanto, o tal trabalho que ultimamente tenho me esgoelado, exceto pela última semana, estava prestes a sair e não podia sumir de vez daqui da cidade grande. O Pita, o Paulo, a Paula e o professor de bateria dela foram antes. Eu iria com o Ros na quarta, quando supus que, se ninguém desse sinal de vida pra começar a trabalhar, seria já bastante improvável alguém telefonar. Pra variar um pouco, o Ros quase deu pra trás e eu, já crente que ia de ônibus, recebo uma mensagem no celular avisando que ele vinha me buscar em casa...

Viagem tranqüila, assim como todo o feriado. Sem falar que melhoramos significativamente o cardápio das refeições. Aquela noite teve peixe frito muito bem limpos. O Ros definitivamente compensou a couve mal cortada do Caldo Verde e a Paula provou que consegue enfim fazer arroz! Mas, quando a irmã dela e o namorado chegaram com o peru, aí é que nem parecia que estávamos na praia, farofando... Ou melhor, até parecia.

Bons momentos pra ruminar um pouco: comer, beber, dormir e inventar novas piadas internas.


O contraste entre os guarda-sóis coloridos e a palidez coletiva...


Um Paulo iluminado e uma Paula caçando corruptos na barriga do Ros...


Pezinhos molhados I... Paula e Paulo na foz do Rio Iguape.


Pezinhos molhados II... Ros e Pita pela praia.


Réveillon na praia. Destaque para o natimorto chinelo branco da Paula, perdido logo a seguir...


Quando o lugar ajuda, fica fácil...

Ah. Paula e Pita. A foto "Filho de Francisco fazendo a escala de Dó no violão" ficou borrada. É pena. 
29.1.06
  O fim do ano do galo Galo de Rinha
(Jayme Caetano Braun, 1958)

Valente galo de rinha,
guasca vestido de penas!
Quando arrastas as chilenas
No tambor de um rinhedeiro,
No teu ímpeto guerreiro
Vejo um gaúcho avançando
Ensangüentado, peleando,
No calor do entreveiro!

Pois assim como tu lutas
Frente a frente, peito nu.
Lutou também o chiru
Na conquista deste chão...
E como tu sem paixão
Em silêncio ferro a ferro,
Cala sem dar um berro
De lança firme na mão!

Evoco neste teu sangue
Que brota rubro e selvagem.
Respingando na serragem,
Do teu peito descoberto,
O guasca de campo aberto,
De poncho feito em frangalhos.
Quando riscava os atalhos
Do nosso destino incerto!

Deus te deu, como ao gaúcho,
Que jamais dobra o penacho,
Essa de altivez de índio macho
Ques ostentas Já quando pinto:
E a diferença que sinto
E que o guasca bem ou mal!
Só lutas por um ideal
E tu brigas pôr instinto!

Pôr isso é que numa rinha
Eu comtigo sofro junto,
Ao te ver quase defunto.
De arrasto, quebrado e cego,
Como quem diz Não me entrego:
Sou galo, morro e não grito
Cumprindo o fado maldito
Que desde a casca eu carrego!

E ao te ver morrer peleando
No teu destino cruel.
Sem dar nem pedir quarteu.
Rude gaúcho emplumado.
Meio triste, encabulado,
Mil vezes me perguntei
Pôr que é que não me boleei
Pra morrer no teu costado?

Porque na rinha da vida
Já me bastava um empate!
Pois cheguei no arremate
Batido, sem bico e torto ..
E só me resta o conforto
Como a ti, galo de rinha
Que se alguem me
dobrar-me a espinha
Há de ser depois de morto!


Hoje é o primeiro dia do ano novo chinês, baseado no ciclo lunar. Ano do cachorro: fiel, alegre, companheiro, atencioso... E todas aquelas coisas bacanas que quem é "regido" por esse animal gosta de imaginar... Claro que ele é sempre meio bobo, inseguro, e que confia até demais nas pessoas, mas as qualidades não vêm sem os defeitos... Pra completar, de fogo: desperto, vivo, atento. Ou extremamente furioso...

Eu adoro encontrar essas coincidências engraçadinhas que procuram dar algum sentido à vida da gente... Como se isso fosse realmente determinar o nosso caráter ou nosso futuro sem precisar de nenhum esforço próprio. Isso definitivamente não existe. Eu gosto é de saber que instrumentos agora estão disponíveis para que eu possa continuar andando como sempre. E desde que eu descobri isso, têm tudo dado muito certo.

Eu estava até que me sentindo ligeiramente ansioso para que o cachorro logo viesse porque o galo foi um ano bastante complicado pra todo mundo que eu conheço. Até brinquei com a Thábata sobre isso no blog dela. E me esqueci de uma coisa extremamente importante nessas convenções, ou, melhor dizendo, rituais, que o homem inventou em cada cultura para conseguir viver em paz consigo mesmo: a reverência.

Sexta-feira passada, durante as minhas balançantes férias da última semana num cruzeiro até Salvador (sim, porque eu viajei e não avisei quase ninguém), ouvi a poesia acima, dita por um simpático e, diga-se, eloqüente turista gaúcho. Cultivando os defeitos desse galo complicado, simples assim, fui alertado de suas qualidades.

Pensei no ano que passou e me lembrei de tantas outras coincidências malucas em volta do ano do galo de madeira. Até lembrar do galo de Barcelos, pintado à mão, que eu ganhei da Julieta na festinha de despedida no cais de Gaia. Agora, com o ano do cachorro, preciso é tomar vergonha na cara e mandar emoldurar logo o fantástico (e literal) quebra-cabeça inventado pela Inês e pela Ana que eu ganhei na mesma festinha...

Numa mensagem futura eu falo das férias, num tom quase de redação escolar. Dentre as novidades, descobri que fazer tai chi em alto-mar, com o barco balançando, é muito engraçado e ao mesmo tempo bastante assustador... Isso porque as fotos, até as de Iguape e Ilha Comprida do "ano novo mesmo", saem amanhã. Eba. 
17.1.06
  Há quase 21 anos...
Julho, 1984. Quando meu sonho era ser frentista e dirigir um Rolls Royce nos fins-de-semana...

Clássicas... Daquelas fotos que já estão há mais de 15 anos no porta-retrato. Filho de engenheiro mecânico sempre tem diversas fotos em versões automotivas... Minha mãe, depois de sondar de leve o porquê da minha pesquisa, agora cismou de encontrar outras, perdidas no armário... Por que eu fui cutucar a onça com vara curta? 
16.1.06
  no-U2... Amanhã..., ou melhor, hoje, começam a ser vendidos os ingressos para o show do U2 em São Paulo, no dia 20 de fevereiro... Algumas razões pelas quais eu decidi não ir:

1. Meus amigos desanimaram. E, por tabela, eu também. Todo mundo que eu pergunto se quer ir dá alguma desculpa para dispensar. E não dá pra ir num concerto desses sozinho, definitivamente. 7 entre 10 razões é a de que...

2. Está muito caro. R$ 200 (pista) e R$ 230 (arquibancada) é muito mais do que os salários de estagiários podem pagar, mesmo com o descontinho de 50% a estudantes... Alguns ainda têm dívidas de outros concertos "acumuladas" do ano passado... Eu, mesmo trabalhando há dois meses na USP, ainda não recebi a primeira bolsa por culpa da burrocracia... Bom, mas isso é outra história... Quando cair o pagamento na conta, eu aviso e dou um jantar aqui em casa.

3. Depois, mesmo que se consiga espremer um pouco a bonança e se oferecer a pagar essa módica quantia, o show é no Morumbi. Ainda que fique feliz em visitar o estádio do São Paulo, um dos maiores do mundo, templo do pão e circo paulista projetado pelo mestre Artigas, o Bono rapidamente pode se transformar numa formiguinha pulante ou um pixel colorido.

4. Isso sem falar no risco de pancadaria... Ainda bem que o U2 é paz e amor... (!)

5. Enfim, e também porque...



... eu já vi. (!)

É... pena que não vai dar pra repetir a dose... Porque fila não é problema! Mesmo que seja na noite mais fria do ano! 
13.1.06
  Lobisomem Sexta-feira... 13... Lua cheia. Acho que vou fazer a barba.

Os pêlos coloridos que nasceram recentemente que me desculpem, mas o momento é cabalístico o suficiente. 
12.1.06
  Santa Luzia dos olhos de fogo

Esta é a razão pela qual o blog anda tão empacado já há uma semana, Paula. E ainda tem trocentos outros desenhos de pinturas pra fazer antes de elaborar a montagem final com o resto do levantamento arquitetônico que outro grupo está fazendo... Mas está ficando bonito. Se quiser, dá uma passada na Capela de Santa Luzia, Rua Tabatingüera, 104.

Ah... Faltou dizer... O motivo do stencil é de autoria de Oreste Sercelli, pintor ornamental do início do século XX, e fica nas paredes laterais ao altar. Às vezes é esquisito tirar modelos com tanta gente rezando, mas a gente se acostuma. Pelo menos ninguém reclamou quando eu pus uma escada no altar semana passada pra tirar algumas medidas... Sacrilégio! 
4.1.06
  A Revanche Fui em dois Bancos do Brasil diferentes ontem à noite tirar um novo talão de cheque. Uma coisa, assim, sem urgência... O que eu queria mesmo era dar uma volta de carro. Ao entrar na agência da Avenida Kennedy, aqui em São Bernardo, percebi que o sistema estava fora do ar. Já quase saindo, decidido a ir a outra agência, um rapaz loiro, com uma notável cara de pimentão, perdido, vem falar comigo com aquele sotaque reconhecível:

"Desculpa lá, amigo, mas aqui aceita este cartão? É para levantar dinheiro." - e, de lado, mostra um cartão amarelo do Millenium BCP - "É de Portugal"...

Uma fração de estranheza vem acompanhada de uma certa cortesia...

"Ah, sim... Millenium BCP... Visa Electron... Aceita sim... O problema é que o sistema está fora do ar..."

E continuo. Percebo que ele e um outro amigo que estavam na agência decidem sair também e vão em direção a um Ford preto parado à espera na rua. Eu sigo ao estacionamento normalmente e sinto que sou observado. Talvez eles quisessem perguntar outra coisa, como, onde ficaria uma outra agência para fazerem o saque. Mas, naqueles momentos típicos de hesitação para pedir informação, acabo naturalmente me afastando e eles decidem ir embora.

Ah... a ironia. Que saudades do multibanco da Estação de São Bento que todas as vezes cuspia meu cartão sem explicação alguma! 
2.1.06
  Epígrafe As únicas coisas eternas são as nuvens..."

(Mario Quintana)


De volta de Ilha Comprida, em uma versão mais bronzeada, vou trabalhar amanhã. Que assim venha 2006! 
pequeno muro de pedra, ou pedra de pequeno muro, depende apenas do estado de espírito.

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