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23.12.06
  Asterix chez les japonaises Algumas linhas sobre um filme belgo-canadense no blog do Ros me estimulou a escrever sobre cinema novamente. Mais especificamente sobre um filme francês que vira e mexe eu pego começado no Cinemax. Anteontem, quando finalmente eu vi que ia passar, larguei tudo e fui assistir...

Trata-se de Stupeur et Tremblement (ficha, trailer), de 2003, dirigido por Alain Corneau baseado no romance de mesmo nome de Amélie Nathomb (que deve ter vivido na pele algumas cenas) e produzido por Alain Sarde, marca, aliás, inconfundível. É um filme bem bacana, tragicômico, que fala de duas coisas: a nossa teimosia e a famosa "japonesice" (num termo muito bem cunhado pela Thábata)... É a história de Amélie, uma moça belga que é contratada como intérprete numa grande empresa japonesa e que tem que conviver com nada menos que os hábitos de um país que não é necessariamente estranho, mas difícil de compreender. No entanto, ainda que a cada dia lhe seja indicado um trabalho cada vez mais humilhante pela sua chefe (e também belíssima "antítese"), ela nunca desiste e se mantém fiel à empresa e ao contrato de um ano que firmou. É um filme interessante tanto pelos choques como pelas situações, pelos sentimentos suprimidos com pelas atitudes de ambas as personagens num ambiente totalmente hostil. E, de fato, embora culturalmente diferentes, Fubuki, a chefe, e Amélie, a subordinada, são muito parecidas.



Gosto dos filmes com a marca da produção de Alain Sarde porque eles têm essa capacidade de estimular a reflexão. As personagens são tão próximas que permitem essa visão pessoal e, acima de tudo, contêm um contexto de sofrimento quase búdico que as fazem transformar internamente. Como em A Crise, de 1992, dirigido por Colinne Serreau - e um dos melhores filmes que eu já vi até hoje e de um final surpreendente - sobre um homem que perde o emprego e a mulher no mesmo dia e, não encontra, pelas deficiências do mundo, alguém que o escute, esse filme tem de uma maneira evidente essa componente, ainda que até um pouco surreal. Mas talvez, somada à nossa visão ocidental que sempre faz fazer valer a nossa opinião, custe o que custar, indica algum necessário desprendimento para nos fazer perceber o real sob o ilusório e até mesmo o platônico como algo absolutamente possível de ser vivido no cotidiano.

Paradoxalmente, um must see. Nem que seja para ver as excelentes introduções das variações Goldberg de Bach em cenas que poderiam não combinar à primeira vista.

"Petite, je voulais devenir Dieu. Puis, consciente de mon excès d’ambition j´acceptai de faire martyre quand je serais grande. Mais il n’y avait pas de frein à ma foudroyante chute sociale. Je fus donc mutée au poste de rien du tout. Mais rien du tout c’était encore trop bien pour moi. Et ce fut alors que je reçus mon affectation ultime : nettoyeuse de chiottes." 
Comentários:
Esse filme é ótimo!
Acho que eu cheguei a comentar sobre ele na época do post sobre as "defenestrações", já que a defenestração matinal era a fuga da personagem...
E eu diria que o único que não tinha "sentimentos suprimigos pelo ambiente hostil" era o superior da Fubuki, o gordo. Ao menos não da mesma forma que os outros.
 
Ele é um personagem pouco explorado como o chefe da sala, o magrelo, ou o colega pra quem ela fez o relatório. A importância das duas talvez fosse diminuída por isso se se falasse mais sobre ele do que o necessário. Mas que ele tem umas tranferências de criança mimada, ah, isso tem!
 
Da relação das duas, vc diz?

...

E eu fiquei interessado no livro... Difícil vai ser achar.

...

A propósito, esse filme é francês, não é belga?
 
Sim. Tem uma hora em que o filme deixa de ser sobre a Amélie no Japão e passa a ser Amélie x Fubuki... Tanto que o fim do filme é sobre isso.

... Sim, eu também me interessei. Mas talvez tenha na Livraria Francesa ou na Cultura. Mas acho que ainda não foi traduzido.

Quanto à nacionalidade, o meio diz que o filme é do país da onde veio o dinheiro. É Francês pela produção do Alain Sarde, apesar da escritora belga. Só aqui é que se considera um filme como "nacional" pelo simples fato de ter ou o Rodrigo Santoro ou o Walter Salles, ainda que o MinC (ou a Rede Globo) não tivessem dado um tostão...
 
Ah, e claro, esqueci do Fernandinho Beira-Mar Meirelles.
 
Bom, eu não gosto de ler traduções... Acho que vale a tentativa (e o tempo) de ser lido em francês.

...

Pode ser de onde veio o dinheiro... mas suponho que história/locação/autores também deveriam contar, mas não da forma como é feito aqui, que até filmes argentinos do Hector Babenco (que é aargentino) são encarados como nacionais.
Na revista da TVA fala França/Japão

...

"O Iceberg" ("L'Iceberg"), é belga mesmo, e passa dia 27 só num dos canais da TVA digital.
Vai ficar pra outro mês, isso se passar de novo (aposto que a porcaria de "Pearl Harbor" ainda passa...)
 
Ops, "onde escrevi "autores", leia-se "atores". Ou melhor, leia-se ambos.
 
E não gosto de quando o o dinheiro sai do Ministério da Cultura ou da Rede Globo:

Quando sai do 1o sai do nosso bolso e vira lucro pro produtor (deveria ser um empréstimo para produção sem juros, ou com juros riculamente baixos). Ou seja, reverte dinheiro público para lucro privado;

Quando sai do 2o isso se reflete na estética do filme, que ainda sai normalmente carregado de uma ideologia Global. Vira elemento de propaganda, não produção cultural.
 
Na livraria francesa tá em promoção por 39,90. Se você comprar, depois me empresta. Agora, você sabe ler em francês?
...
É, esse é o modo "industrial" de produção. O filme como produto pertence ao país em que foi produzido e não à "mão-de-obra" empregada para construi-lo... Senão, todo carro da Fiat de Betim seria italiano, ainda que todo o tênis Nike seja chinês. Sei lá.
...
Vou ver se assisto ao Iceberg... se me lembrar.
...
E você esqueceu que os filmes do MinC têm a ideologia do Ministro.
 
esquece... Acabei de ver que na Livraria Cultura tá por 18,72.
 
Feliz Natal!!! Obrigada pelo seu comentário no meu blog, acho mesmo que precisamos conversar.
... talvez dê ainda esse ano!
Bjins!
 
Ainda não. Mas só tem um jeito de aprender.
E eu não gosto de ler traduções. Todas, sem excessão, distorcem a história.

...

Eu acho que todo carro da FIAT é essencialmente italiano, assim como todo carro da Peugeot é essencialmente francês, todo VW é essencialmente alemão, e etc... Claro que Palios, Fox, Gols, Brasílias e outros híbridos são uma categoria à parte.
Mas mesmo assim eu não sei como aplicar isso à uma produção como filme, ou de outras coisas.
Por exemplo: Eu sequer sei dizer se o 14bis e o Demoiselle eram franceses ou brasileiros. Franco-brasileiro me parece mais apropriado, mas não tenho certeza sobre isso.

...

Bom, eu não verei o Iceberg esse ano, por dois motivos.
O 1o é que eu não tenho os canais digitais.
O 2o é que ele vai passar na hora do amigo secreto.

...

O ministro tem ideologia? Eu achei que a ideologia dele fosse pegar o violão e começar a cantar que "a tempestade veio dar à praia (...) ú ú ú ú-ú ú-ú á-áááááhhhh"
 
É... eu não posso ler mais nada. Tenho dois livros pra acabar, sendo que um deles é em francês.

...

A gente vê com a Fernanda se ela tem Cinemax e põe pra ver, hahaha, já que o DVD tá quebrado!... hahaha.

...

O ministro tem sim ideologia. Ou você acha que alguém engorda o patrimônio fumando cachimbo na praia e fazendo caretas e sons estridentes?

...

Ah, e, desculpa, serei obrigado a corrigi-lo porque você escreveu a palavra que eu mais odeio quando alguém escreve errado: exceção é com cedilha.
 
Eu acho que a TV a cabo da Fernanda também está quebrada, hahahaha

...

Oras, mas iso é a ideologia nacional normal. O uso do patrimônio e do poder público para o próprio benefício.

...

Ah tá... Quer dizer que excessão não é como excurção? Ou seria o contrário? hahahahha
 
Bom, o Pita acabou de sugerir um Imagem & Ação agora... Ou a casa da Fernanda tá sem papel e caneta??? hahaha.

...

Ok. Mas não deixa de ter ideologia.

...

Isso, Ros. O mais curioso é que num email que você mandou hoje, você escreveu certo... Ok, passa.
 
Putz, eu acho que tá sem (hic)... Talvez esteja (hic)... até sem luz, (hic) o que vai impedir a gente de escrever... hic...

...

hic...

...

Às vezes (hic) eu escrevo certo... Às vezes errado... hic...
 
Mas falou o necessário... hahaha... feliz Natal procê também!
 
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