Das palavras de Agatha Christie...
"
- (...) Mas não falemos mais nisso. Você sabe, Hastings, em muitos aspectos, encaro você como minha mascote.
- É mesmo? E de que maneira?
Poirot não respondeu diretamente a minha pergunta. Fez um rodeio:
- Logo que soube de seu regresso, disse comigo mesmo: algo vai acontecer. Como nos velhos tempos iremos à caça juntos, nós dois. Mas esse caso não será comum. Deverá ser algo - ele moveu as mãos com animação, como se caçasse as palavras no ar - algo recherché
... delicado, fine
... - Poirot conferiu à derradeira palavra intraduzível seu inteiro sabor.
- Na minha opinião, Poirot - observei -, qualquer um que o ouvisse agora pensaria que você está encomendando um jantar no Ritz.
- E como ninguém pode encomendar um crime especial, não é mesmo? - Poirot suspirou fundo. - Mas eu acredito na sorte, no destino, se você preferir. Pois seu destino é ficar a meu lado e me impedir de cometer o erro imperdoável.
- E o que chama de erro imperdoável?
- Não perceber o óbvio.
"CHRISTIE, Agatha. Os Crimes ABC (1936). 2ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira, 1976. pp. 14... Eu sempre achei que tinha alguma coisa estranha naquele detetive belga. Agora eu tenho certeza... Só não imaginava que o Capitão Hastings fosse seu amante!