pedromurilo.arq.br
21.4.07
  Aos Novos Leitores "Nasci em Itabira, Minas Gerais, em 1902, e o meio físico e social de minha terra marcou-me profundamente. Pertenço à classe média brasileira. Ganhei a vida como funcionário público e jornalista. Dediquei-me à literatura por prazer. Hoje que estou aposentado naquelas duas atividades, posso considerar-me escritor profissional, pois a fonte principal do meu sustento resulta do fato de escrever e publicar livros, que o público tem recebido com simpatia.

Meus livros são de prosa e poesia. Na primeira categoria, os textos compreendem contos, crônicas e algumas tentativas de crítica literária. Liguei-me na mocidade ao movimento modernista brasileiro, que se afirmou em São Paulo, em 1922, e que deu maior liberdade à criação poética. Liberdade que não é absoluta, pois a poesia pode prescindir da métrica regular e do apoio da rima, porém não pode fugir ao ritmo, essencial à sua natureza. Há muitas experiências de vanguarda, procurando abolir tudo que caracteriza a arte da poesia, mas ninguém até hoje conseguiu acabar com a melodia e a emoção do verso autêntico.

Fui muito criticado e ridicularizado quando jovem. O meu poema "No meio do caminho", composto de dez versos, repete de propósito sete vezes as palavras "tinha" e "pedra" e seis vezes as palavras "meio" e "caminho". Isto foi julgado escandaloso; hoje o poema está traduzido em 17 línguas, e me diverti publicando um livro de 194 páginas contendo as descomposturas mais indignadas contra ele, e também os elogios mais entusiásticos. Achavam-me idiota ou palhaço; suportei os ataques porque ao mesmo tempo recebia o estímulo de meus companheiros de geração e de pessoas mais velhas, nas quais depositava confiança, pela capacidade intelectual e pela honestidade de julgamento que as distinguiam.

Atualmente, a maioria das opiniões é favorável à minha poesia, e direi até que há talvez um excesso de benevolência com relação a ela. Não tenho pretensão de ser mestre em coisa alguma, e conheço minhas limitações. Depois de praticar a literatura durante mais de 60 anos, punlicando 16 livros de prosa e 25 de poesia, não cultivo ilusões, mas continuo acreditando com o mesmo fervor na beleza da palavra e no texto elaborado com arte.

Acho que a literatura, tal como as artes plásticas e a música, é uma das grandes consolações da minha vida, e um dos modos de elevação do ser humano sobre a precariedade da sua condição."

(Carlos Drummond de Andrade, abertura de Antologia Poética.)

Manhã fria num sábado de feriado. Ótimo reler algumas coisas antigas e se surpreender novamente... 
16.4.07
  Um dia péssimo para o patrimônio... Mas um dia ótimo para a "Yayá"
Sítio de guerra.

Sexta-feira passada, fui visitar Campinas para o CPC-USP, onde estagiei em 2006 e agora passei a fazer alguns serviços nesse primeiro semestre. A linha de pesquisa na qual estou envolvido trata justamente da construção da maquete eletrônica da Casa de Dona Yayá, sede do CPC-USP na Bela Vista, que procura tornar apreensível as diversas fases construtivas da casa. Enfim, um resumo bastante sumário do que eu ando fazendo depois da conturbada fase do TFG... Dá pra ter uma idéia do que se trata clicando aqui.

Mas voltando à cidade, fui visitar algumas construções na área do Páteo Ferroviário de Campinas para reconhecer possíveis construções de tijolos da qual tínhamos notícias de se apresentarem, tanto construtivamente como tipologicamente, ao chalé de tijolos do fim do século XIX identificado como o núcleo central da casa. Enfim, tratava-se de uma busca por referências que balizassem algumas decisões de recomposição do modelo tridimensional do chalé de tijolos, dada a inexistência de indícios que comprovassem determinadas características.

Quando lá chegamos, - a Regina ainda havia levado alunos da Unicamp da disciplina de "Técnicas Restrospectivas" - nos deparamos com a demolição de três das cinco casas que íamos analisar, em plena atividade, "integradas" ao projeto de construção da Nova Rodoviária de Campinas. Uma hora a mais (um possível trânsito na Marginal Tietê que estranhamente não havia) e não haveria mais nada pra ver, nem fotografar, nem levantar, nem estudar, nem comparar. Depois de uma visita frustrada a algumas casas do Núcleo Colonial de Jundiaí (que não encontramos por estarem bem afastadas da estrada), esse foi quase outro furo. A diferença, no entanto, foi o contato com algumas cenas dramáticas e muita discussão sobre o que é valorizar o patrimônio ferroviário paulista...

A última moradora das casas, Dona Márcia, mulher de ferroviário, foi nossa guia. Disse que não saia dali enquanto a Prefeitura não oferecesse uma casa para ela na região - e não "pra alugar" como ofereceu o fiscal. O que a salvou do trator, mas não do despejo, é que a casa em que ela mora será "revitalizada" pelo projeto, sendo transformada em "Museu do Trem". As outras pessoas da pequena vila sob um viaduto que cruza a linha férrea já tinham saído, desiludidas, ou percebendo que não havia mais como lutar contra a marca, visibilidade e demagogia dos projetos urbanos das atuais administrações municipais... Tudo agora é fluxo. Sem começo, nem destino.


Situação em 2004. Foto: Jean Pierre Crété.


Vapor de demolição.


Estrutura à vista.


Escombros.


Duas das cinco casas.


A casa da Dona Márcia, o viaduto... o futuro "Museu do Trem".


Pois falta mesmo espaço pra tanto desenvolvimento...

Quanto ao chalé de tijolos da Casa de Dona Yayá, toda a tipologia do sistema construtivo da cobertura e os exemplares da caixilharia, nossas dúvidas, ficou mais do que evidente, afinal, estava tudo aos ares. O resumo da viagem, título deste post, é da Profª Maria Lúcia após ter visto as fotos. Mas o melhor ganho da viagem foi pensar um pouco no efeito que uma pintinha apagada numa folha de levantamento arquitetônico pode provocar na vida das pessoas...

"There are more things in heaven and earth, Horatio, Than are dreamt of in your philosophy." (William Shakespeare, Hamlet, Ato I, Cena V) 
4.4.07
  Descolados... Dia 29 foi minha colação de grau na FAUUSP: discursos-padrão e outros nem tanto. Bobagens homéricas, pieguice explícita e politiqueiros no meio de algumas mensagens honestas. Mais FAU, impossível: Sawaya "emocionado", Katinsky katinskando, o discurso-jogral aos pais e o "convite" ao abraço coletivo, o calor, o "amor", o momento de "prestar atenção ao vídeo"...

Mas a melhor de todas: meus pais confundirem o Silvio Macedo com um cara "perdido" da manutenção por causa da camiseta bizarra com respingos de tinta...

Impagável. E agora, finalmente, arquiteto. Ah. E urbanista também.


La nuit qui tombe sous le caramel.


Patrono Seu Madruga.


A turma sincrética e a mesa idem...



A foto da noite: meu pai não sabia mas acertou em cheio.



O quase
Ippon do Katinsky.


Colando.



Família.



O que executa, o que projeta e o que defende os dois se alguma coisa der errada...



Daniel e eu, os colados. O Pita mora na FAU...



Arqui"têtos", urbanistas e... hmm, paisagistas?
 
3.4.07
  Horóscopo Raramente um horóscopo é tão claro como o de hoje... Tanto que nem costumo ler. Mas quando bate com um projeto para entregar semana que vem, a raiva de não poder reclamar de o universo não ter te avisado da situação é imediata...

Sagitário
"Alguns parceiros e amigos querem você por perto num negócio porque reconhecem em sua força a persistência dos idealistas, movidos pela fé. Ao mesmo tempo, pode haver algum desconforto com a tendência para ter preguiça de realizar os detalhes de todo um projeto. Realize mais."
Fonte: Urânia. 
1.4.07
  É tudo mentira!
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pequeno muro de pedra, ou pedra de pequeno muro, depende apenas do estado de espírito.

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