Sonhos.
Imagine-se numa estrada. Longa. Ela não é tão cheia de curvas, mas bastante reta. Nada, porém, se move. O sol a pino, um vazio bastante árido e algumas árvores meio rasteiras - quase sem folhas - completam a sensação de solidão. Em princípio, você está bem, mas logo, o ambiente toma conta e você já começa a suar, e o corpo começa a convalescer. A sensação de torpor toma conta e, o lugar, que antes parecia hostil, de repente se torna estranhamente acolhedor. É como se, mesmo no desconforto, houvesse também uma vontade de ficar, de permanecer imóvel, num sofrimento perpétuo e sem objetivo. O caminho, ainda que seja reto, visível, absolutamente claro, permanece intransitável porque você mesmo não se mexe. A vontade de trilhá-lo é, por si, desconsiderada em favor desse estranho acolhimento e pela espera que tudo aconteça por estar preso a razões que se desconhece...