La causalité est le ciment du monde
Ontem, voltando pra casa, tive uma vontade de escrever como não vinha tendo há muito tempo. Um pouco pelo cansaço dos últimos meses à frente do computador, mas também pela completa falta de uma idéia que se fechasse como um raciocínio, um conceito... Enfim, e é por esses pensamentos incompletos que muitas vezes se acumulam inexprimidos que eu tenho chegado cada vez mais à conclusão que eu sou muito mais racional do que pareço.
Dirigindo à noite, no carro, percebi finalmente que
a casualidade é uma ilusão. Uma constatação idiota, na verdade, apresentou-me essa idéia. Estava na Avenida Bandeirantes pela faixa central e percebi que, todos os quatro carros (à frente e atrás, à direita e à esquerda) eram conduzidos apenas por uma pessoa. Nada de acompanhantes. Comum em São Paulo, mas, assim como eu, todos éramos jovens, preocupados com suas próprias vidas, e seguindo, paradoxalmente, o mesmo caminho... Curiosamente, mesmo parecendo interessantes, o estranho espaço de contato que havia entre todas elas era intransponível, por vezes cortado por algum caminhão ou farol à frente.
E pensei uma bobagem. Como transpor essa barreira? Afinal, é mais que comum ver alguém interessante no trânsito (ao Ros, seriam exclusivamente as ruivas de Corolla) e não poder fazer nada pelo simples fato de que ambos estão talvez a mais de 50 km/h... Nem o famoso olhar... Às vezes o tempo do farol não deixa. Assim, a casualidade de alguns "encontros especiais", tão normais na adolescência, tem ganhado contornos de ilusão pelo simples fato de estar caindo em desuso. Quem vive no trânsito, trabalha sempre no mesmo lugar e só vai a "baladas" com alguma intenção não pode pensar em casualidade. Tudo é racional demais... Ou seria só eu com alguma patologia de um romantismo excessivo?
Mas enfim, pensei numa solução bizarra, mas factível... Escolher a presa, tentar ficar atrás dela e simular uma batida. De leve... Um totozinho (de preferência, que não gere nenhum prejuízo, obviamente). Ótima oportunidade para os dois saírem de seus invólucros metropolitanos (o carro) e conversarem. Uma boa lábia resolve uma possível atitude de raiva da vítima, mas, enfim, a troca de telefones é batata!...
... Mas depois eu pensei bem... E vi que isso pode ser uma nova metodologia de assalto. Acho melhor não sugerir mais nada...
Tango
(Ryuchi Sakamoto, Taeko Onuki e Paula Morelenbaum)"Como esse sol que vai
Queimando sem descanso, grito
Como o caminho do deserto
Seco e frio, sinto
Com essa forma apaixonada
E quase louca, busco
Esse momento decisivo e sem barreiras
E me atormenta a sua ausência,
O peso do vazio
O mundo todo em minhas mãos
Depois perde-lo
É como um tango bem bailado lá no céu
Mas prá voce isso é apenas
Outro amor fugazViagem irreal
Viver sem você
Não sei porque
Sofrendo ainda te quero
E não encontro um meio
De viver sem esperar
Minha visão fica perdida
Na parede seu nome
E sua figura é uma linha imaginária
Uma recordação errada que me invade
Meu corpo se abre com paixão
De uma rosa ao sol
O sonho se foi
Postais de amor
Não sei porque
Sofrendo ainda te quero
E não encontro um meio
De viver sem esperar
Nessa viagem que não tem fim
Guardo as cores mais amadas sobre mim
Sobre meu corpo apesar da dor
Navego nesse rio todo meu, tão seu
Com velas de ternura
Onde sua presença foi
Um frágil barco de papelMinha visão fica perdida
Na parede seu nome
E sua figura é uma linha imaginária
Uma recordação errada que me invade
Meu corpo se abre com paixão
De uma rosa ao sol
Lembranças que vem
Bonitas pra mim
Não sei porque
Sofrendo ainda te quero
E não encontro um meio
De viver sem esperar
Talvez num outro amanhecer"Japonês fazendo bossa-nova. E boa. Sim, agora eu acredito que eles podem fazer qualquer coisa mesmo!... A minha Mafalda Vaporetto estava precisando de alguma novidade musical, ainda que eu já tivesse
esse CD há algum tempo...