pedromurilo.arq.br
30.6.06
O dia do onomástico
São Pedro da Afurada, 29 de junho de 2005.
Do trio festivo, São Pedro é o último. É o familiar e o mais intimista. Não atrai as multidões, mas também não precisa. É aquele santo que se contenta com as coisas mais simples. Sua alegria não se exprime num dia. Ela é o próprio dia-a-dia. De certezas e incertezas: do mar e de seu peixe, da viagem e do seu retorno, do amor e de sua fé. Sua força só não é mais sólida que a humildade de sua própria dúvida. E, assim, ele é, na verdade, o primeiro. E, para mim, o mais importante.
É por isso que, amanhã, "não há sardinhas"...
São Pedro da Afurada, 29 de junho de 2005.
Do trio festivo, São Pedro é o último. É o familiar e o mais intimista. Não atrai as multidões, mas também não precisa. É aquele santo que se contenta com as coisas mais simples. Sua alegria não se exprime num dia. Ela é o próprio dia-a-dia. De certezas e incertezas: do mar e de seu peixe, da viagem e do seu retorno, do amor e de sua fé. Sua força só não é mais sólida que a humildade de sua própria dúvida. E, assim, ele é, na verdade, o primeiro. E, para mim, o mais importante.
É por isso que, amanhã, "não há sardinhas"...
25.6.06
24.6.06
São João
"But you can’t stop nothing if you got no control
Of the thoughts in your mind that you kept and you know
That you don’t know nothing but you don’t need to know
The wisdom’s in the trees not the glass windows
You can’t stop wishing if you don’t let go
Of the things that you find and you lose and you know
You keep on rolling, put the moment on hold
Because the frame’s too bright, so put the blinds down low"
(Jack Johnson... de volta ao rádio do carro)
Of the thoughts in your mind that you kept and you know
That you don’t know nothing but you don’t need to know
The wisdom’s in the trees not the glass windows
You can’t stop wishing if you don’t let go
Of the things that you find and you lose and you know
You keep on rolling, put the moment on hold
Because the frame’s too bright, so put the blinds down low"
(Jack Johnson... de volta ao rádio do carro)
12.6.06
... Força!
Em homenagem ao Portugal 1 (suado) x 0 Angola, um link interessante...
3D Marvão
Com os cumprimentos do Alcindo, via MSN.
3D Marvão
Com os cumprimentos do Alcindo, via MSN.
6.6.06
Tied to the 90's
Acho que meu inconsciente anda me pregando algumas peças. Ultimamente, toda vez que busco alguma referência infantil, invariavelmente acabo caindo num fato ou numa imagem que me leva ao ano de 1990. Era o ano da minha 2ª série do antigo 1º grau, quando tinha uns 7 anos. Talvez haja alguma coisa escondida ali, ou talvez sejam apenas boas lembranças querendo reaparecer...
Encontrei um envelope com diversos boletins meus e do meu irmão. Eram boletins de diversos anos juntos, exceto um único papel já meio amarelado com algumas letras garrafais roxas (lembram do mimeógrafo?) e umas linhas tortas feitas à lápis mais garrafais ainda... Tratava-se de um pequeno trabalho de redação que a Prof. Imaculada, da mesma 2ª série de 1990, nos havia proposto. Depois de ler, literalmente morri de rir... Sem falar num estranho desenho atrás: uma faca "Tramontina" furando um olho voando. Mais non-sense, impossível:
"Vamos continuar esta história que a Beatriz iniciou?
A noite do terror
autora: Beatriz Meneghel Ch...(ilegível)
Era uma noite chuvosa com um casal e um filho de 8 meses.
E o homem viu uma mulher com os olhos brilhantes e um pano nas costas.
E ele contou isso para a mulher dele e a mulher dele não acreditou. Os dois começaram a brigar, deixaram o nenê no carro e saíram do carro.
Quando eles entraram, o nenê estava com a mulher de olhos brilhantes e ela começou a jogar o nenê para cima, foi jogando, jogando, até que o nenê desapareceu.
Quando o nenê apareceu no cemitério, tinha 1.000 fantasmas em volta: o nenê não sabia o que fazer.
E quando o casal ficou assustado (de desaparecer o nenê), não sabia o que fazer, mas sorte que os dois eram tiras, mas não adiantava atirar, a mulher também era fantasma e os dois correram e pensaram:
- Onde é que os fantasmas vivem? Mas é claro! no cemitério. Vamos até lá!
E foram, mas quando chegaram, escorregaram no jornal e caíram no túmulo da Prof. Imaculada, onde estava o nenê. Mas o caixão se abriu e veio um raio na prof. e ela começou a ganhar vida e matou todos."
... e o recado da professora:
"Tirando a minha morte, a idéia foi ótima, Pedro!!"
Acho que era por isso que eu gostava dela: ela não achava nenhum problema matar todo mundo... (!)
Encontrei um envelope com diversos boletins meus e do meu irmão. Eram boletins de diversos anos juntos, exceto um único papel já meio amarelado com algumas letras garrafais roxas (lembram do mimeógrafo?) e umas linhas tortas feitas à lápis mais garrafais ainda... Tratava-se de um pequeno trabalho de redação que a Prof. Imaculada, da mesma 2ª série de 1990, nos havia proposto. Depois de ler, literalmente morri de rir... Sem falar num estranho desenho atrás: uma faca "Tramontina" furando um olho voando. Mais non-sense, impossível:
"Vamos continuar esta história que a Beatriz iniciou?
A noite do terror
autora: Beatriz Meneghel Ch...(ilegível)
Era uma noite chuvosa com um casal e um filho de 8 meses.
E o homem viu uma mulher com os olhos brilhantes e um pano nas costas.
E ele contou isso para a mulher dele e a mulher dele não acreditou. Os dois começaram a brigar, deixaram o nenê no carro e saíram do carro.
Quando eles entraram, o nenê estava com a mulher de olhos brilhantes e ela começou a jogar o nenê para cima, foi jogando, jogando, até que o nenê desapareceu.
Quando o nenê apareceu no cemitério, tinha 1.000 fantasmas em volta: o nenê não sabia o que fazer.
E quando o casal ficou assustado (
- Onde é que os fantasmas vivem? Mas é claro! no cemitério. Vamos até lá!
E foram, mas quando chegaram, escorregaram no jornal e caíram no túmulo da Prof. Imaculada, onde estava o nenê. Mas o caixão se abriu e veio um raio na prof. e ela começou a ganhar vida e matou todos."
... e o recado da professora:
"Tirando a minha morte, a idéia foi ótima, Pedro!!"
Acho que era por isso que eu gostava dela: ela não achava nenhum problema matar todo mundo... (!)
3.6.06
A Fotografia de Camilo
Cadeia da Relação - Centro Português de Fotografia, Campo Mártires da Patria, Porto, Portugal, Março de 2005.
Recebi um e-mail essa semana e deixo aqui minha contribuição na maratona fotográfica, numa foto de férias, ruim mesmo, mas daquelas mais bonitas, as descomprimissadas. Porque o que está em jogo não é a fotografia em si... Àqueles que desejarem fazê-lo, por favor, defendam e divulguem.
"São treze dias corridos do mez de Março de 1805.
Está Simão n'um quarto de malta das cadêas da Relação. Um catre de táboas, um colchão de embarque, uma banca e cadeira de pinho, e um pequeno pacote de roupa, collocado no logar do travesseiro, são a sua mobilia. Sobre a mesa tem um caixote de pau preto, que contém as cartas de Thereza, ramilhetes sêccos, os seus manuscriptos do carcere de Vizeu, e um avental de Marianna, o ultimo com que ella enxugára lagrimas, e arrancára de si no primeiro instante de demencia.
Simão relê as cartas de Thereza, abre os envoltorios de papel que encerram as flôres resequidas, contempla o avental de linho, procurando os visiveis vestigios das lagrimas. Depois encosta a face e o peito aos ferros da sua janella, e avista os horisontes boleados pelas serras de Vallongo e Gralheira, e cortados pelas ribas pittorescas de Gaya, do Candal, de Oliveira, e do mosteiro da serra do Pilar. É um dia lindo. Reflectem-se do azul do ceu os mil matizes da primavera. Tem aromas o ar, e a viração, fugitiva dos jardins, derrama no ether as urnas que roubou aos canteiros. Aquella indefinida alegria, que parece reluzir nas legiões de espiritos, que se geram ao sol de Março, rejubila a natureza, que toda pompas de luz e flôres se está namorando do calor que a vai fecundando.
Dia de amor e de esperanças era aquelle que o Senhor mandava á choça encravada na garganta da serra, ao palacio esplendoroso que reverberava ao sol os seus espiraculos, ao opulento que passeava as suas molles equipagens, bafejado pelo respiro acre das çarças, e ao mendigo que desentorpecia os membros encostado ás columnas dos templos."
(Camilo Castello-Branco, Amor de Perdição)
Cadeia da Relação - Centro Português de Fotografia, Campo Mártires da Patria, Porto, Portugal, Março de 2005.
Recebi um e-mail essa semana e deixo aqui minha contribuição na maratona fotográfica, numa foto de férias, ruim mesmo, mas daquelas mais bonitas, as descomprimissadas. Porque o que está em jogo não é a fotografia em si... Àqueles que desejarem fazê-lo, por favor, defendam e divulguem.
"São treze dias corridos do mez de Março de 1805.
Está Simão n'um quarto de malta das cadêas da Relação. Um catre de táboas, um colchão de embarque, uma banca e cadeira de pinho, e um pequeno pacote de roupa, collocado no logar do travesseiro, são a sua mobilia. Sobre a mesa tem um caixote de pau preto, que contém as cartas de Thereza, ramilhetes sêccos, os seus manuscriptos do carcere de Vizeu, e um avental de Marianna, o ultimo com que ella enxugára lagrimas, e arrancára de si no primeiro instante de demencia.
Simão relê as cartas de Thereza, abre os envoltorios de papel que encerram as flôres resequidas, contempla o avental de linho, procurando os visiveis vestigios das lagrimas. Depois encosta a face e o peito aos ferros da sua janella, e avista os horisontes boleados pelas serras de Vallongo e Gralheira, e cortados pelas ribas pittorescas de Gaya, do Candal, de Oliveira, e do mosteiro da serra do Pilar. É um dia lindo. Reflectem-se do azul do ceu os mil matizes da primavera. Tem aromas o ar, e a viração, fugitiva dos jardins, derrama no ether as urnas que roubou aos canteiros. Aquella indefinida alegria, que parece reluzir nas legiões de espiritos, que se geram ao sol de Março, rejubila a natureza, que toda pompas de luz e flôres se está namorando do calor que a vai fecundando.
Dia de amor e de esperanças era aquelle que o Senhor mandava á choça encravada na garganta da serra, ao palacio esplendoroso que reverberava ao sol os seus espiraculos, ao opulento que passeava as suas molles equipagens, bafejado pelo respiro acre das çarças, e ao mendigo que desentorpecia os membros encostado ás columnas dos templos."
(Camilo Castello-Branco, Amor de Perdição)
