pedromurilo.arq.br
8.10.06
  Divagando... "Porto calmo de abrigo
Um futuro maior
Inda não está perdido
No presente temor

Não faz muito sentido
Não esperar o melhor
Vem dar novo ao saído
A promessa trilhou

Quando avistei
Ao longe o mar
Ali fiquei
Parada a olhar

Sim eu canto à vontade
Canto até o despertar
E a abraçando a saudade
Canto o tempo a passar

Quando avistei
Ao longe o mar
Sem querer deixei-
'-me ali ficar"

(Madredeus | Ao longe o mar, a versão de ouvido...)

"
Porto calmo de abrigo
Um futuro maior
Inda não está perdido
No presente temor

Não faz muito sentido
Não esperar o melhor
Vem da névoa saindo
A promessa anterior

Quando avistei
Ao longe o mar
Ali fiquei
Parada a olhar

Sim eu canto à vontade
Canto o teu despertar
E a abraçando a saudade
Canto o tempo a passar

Quando avistei
Ao longe o mar
Sem querer deixei-
´-me ali ficar"

(Madredeus | Ao longe o mar, a versão cantada realmente...)


A língua é realmente uma coisa impressionante. Ainda mais quando é a mesma. Sim, vou falar de Portugal mais uma vez. Até eu já estou cansado dessa lusoteimosia nas coisas que eu faço e escrevo, mas quando eu tento me afastar parece que tudo meio que volta com mais força... Então o jeito é aceitar mesmo. Vocês que lidem com isso!...

Esses dias voltei a pôr Madredeus a tocar na Mafalda. Mas dessa vez o Electrónico, uma coisa mais arquitetês contemporâneo... Arquitetês, isso parece frase da Thábata... Bem, paralelos desconexos à parte, o fato que eu gostaria de comentar é como a gente realmente só escuta aquilo que quer, ou o que precisa.

Uma música, em especial, voltava muito à minha cabeça, sempre que a ouvia. Faixa 10, Ao longe mar. A Teresa Salgueiro canta no princípio, como a música em sua versão original "acústica" e depois o remix se desdobra, baseado apenas na reprodução harmônica.

Bem, o que eu ouvia, nunca era o mesmo sempre. As músicas do Madredeus sempre tiveram um pouco disso, pra mim. Exceto no primeiro disco, Os Dias da Madredeus, em que parece que a Teresa canta de um jeito mais aberto (e também menos maduro musicalmente, com algumas desafinações), eu nunca consegui entender a poesia cantada plenamente. Sempre faltava uma ou outra palavrinha. Quando estive em Portugal, a coisa melhorou, obviamente, mas agora, pela talvez falta de prática, ainda que algumas coisas acabaram sendo incorporadas, percebi que tenho perdido meu entendimento do "sotaque"...

Paralelamente, no curso de filosofia que frequento às sextas à noite, ou seja, ontem, iniciamos a prometida discussão sobre filosofia oriental, principalmente falando de Laozi e tendo o Tao Te Ching nas mãos como tema. E os diálogos evoluíram ao ponto de eu me lembrar novamente da música, principalmente após ter sido colocado o tema da contemplação como forma tanto de estímulo à busca, ao caminho, e a união com o Universo, com "Deus", e, por assim dizer, o Tao. Era como se um grande mar aparecesse. E se tranformasse em milhões de coisas. Ou apenas dez mil delas... Não sei. Subjetivo demais pra explicar. De repente, parece que a música que eu entendia passou a fazer um pouco de sentido e a recuperei de memória, totalmente interiorizada. Acho que quem me conhece talvez me entenda...

Quando cheguei em casa, peguei o encarte do CD. Algumas palavras que davam o sentido à minha interpretação do poema, caíram por terra. E, na verdade, outra letra apareceu... complementar. Criei, por fim, duas músicas, duas leituras: a efetivamente lida e a entendida; a original e a apreendida. Numa extrapolação, a arte exterior e a interior. As duas fazendo parte de mim mesmo, necessariamente. E não havia nenhuma que estivesse errada. Apenas tinham modos diferentes de se expressar. E isso me pareceu tão oriental e tão português ao mesmo tempo... Una, como o Tao, tentando encontrar sua razão por cá.

Enfim, como encontrar o meio daquilo que tem apenas princípio e fim, senão vivenciando-os?


Capela de Nosso Senhor da Pedra, Praia de Miramar, Vila Nova de Gaia, Portugal, 2005. 
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